Livro de Poesia - Eco dos Sentidos: Néctar - VII
VII
"NÉCTAR"
O Néctar dos Deuses,
Um tal de hidromel,
Pode ser divino,
Digno de tão elevados seres,
Mas não tem o sabor
Do nosso amor...
Não sabe a vida e a eternidade,
Não tem a plenitude
Num mero segundo,
Não nos faz sentir que existimos
Porque precisamos de viver
Para poder tocar o infinito
No espaço estrito
De um simples olhar...
O Néctar dos Deuses
Pode ser divino,
Pode ser perfeito,
Pode ser puro,
Pode ser cristalino,
Pode ser indescritível,
Mas não é absoluto
Como nós...
Somos um ser total
Em construção,
Estamos para além
Dos sentidos
E dos sentimentos,
Somos o futuro,
A esperança e a alegria
Das nossas próprias almas...
O Néctar dos Deuses
Pode ser divino,
Mas não tem a graça
Do teu sorriso,
O perfume do teu ser,
A alma desse corpo
Onde me perco de mim,
Para despertar num tal de nós...
Se és a flor oculta
Deste meu existir,
Até aqui perdido,
Eu mais nada quero ser
Do que a terra
Onde cada uma das tuas raízes
E todas elas
Se alimentam até à eternidade...
Até à eternidade
Numa sede sem fim
E que por convenção
Chamamos de amor!...
Eu te amo!
O Néctar dos Deuses
Afinal não é importante...
Gil Saraiva