Livro de Poesia - Estrigas do Dilúculo dos Lamentos: Meu Nome - XLIII (Último Soneto)
XLIII
"MEU NOME"
A minha alma, de mim, se foi embora...
O meu vazio ser ficou p'ra aqui...
Meu nome eu já nem sei... dele me esqueci...
Mas que me importa, a mim, sabê-lo agora...
Se, neste mundo, pela vida fora,
Nunca em nenhuma boca eu o ouvi...
Meu nome à sede morre e já bebi...
Seca de dor... minguando a cada hora...
Meu nome... é um sussurro de floresta...
Como vento, p'la mais pequena fresta,
É um resto de mim serpenteando!...
Bate-me agora à porta a velha Morte...
E choro, até feliz, a minha sorte
Pois sinto-a, p'lo meu nome, me chamando!
Gil Saraiva