Livro de Poesia - Plectros de um Egrégio Tetro Umbrático: O Prometido - XI
XI
"O PROMETIDO"
O prometido é de vidro
Quer no Portugal dos Pequeninos,
Quer na comunidade das gravatas.
Assim, a fragilidade das promessas
É inversamente proporcional
Antes da maioridade dos humanos,
Na sua evolução para a integração social,
O que se pode considerar algo normal.
Porém, a alergia alastra
Com a proximidade dos poderes,
Sejam pequenos ou grandes,
Ficam frágeis os deveres
No mundo do posso e mando.
Os acordos, os negócios,
A palavra de quem fala,
É de vidro ou porcelana,
Nos corredores do poder.
Quebra com facilidade,
Exige cuidado extremo.
O prometer é membrana
Que perdeu flexibilidade,
Nos caminhos da cidade…
As promessas são mais como
Os animais em vias de extinção,
Que se deixaram, então,
Apanhar pelos cacos históricos
De um jovem gordo chamado progresso,
Que para poder ter sucesso,
Não cuida do prometido,
Mas apenas de si próprio,
Estilhaçando muito vidro…
Gil Saraiva