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Estro

Estro do meu ego guarda a minha poesia, sem preocupações de forma ou conteúdo, apenas narrativas do que me constitui...

Estro do meu ego guarda a minha poesia, sem preocupações de forma ou conteúdo, apenas narrativas do que me constitui...

Livro de Poesia: Portaló - Parte II - Portaló - XII - Despedida

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       XII

 

“DESPEDIDA”

 

No Hotel Portaló o ser se reparte

Qual afago, festa ou cafuné,

De chalé em chalé

Cultura é baluarte

Que à natureza se mistura

Com engenho…

Quem chega,

Chega a um mundo à parte;

Quem parte

Não esquece o desempenho

De quem

O acolheu naquele hotel,

De quem

Lhe deu guarida,

Deu quartel,

Deu nova vida…

 

Portaló não é porta,

É como um véu,

Passar por ele só importa

Para quem quer ficar perto do céu…

Quem parte

Leva natura e arte

Quem chega

Tem saudades quando parte…

 

Gil Saraiva

 

* Parte I I - Portaló ou o Sortilégio do Paraíso

 

Livro de Poesia: Portaló - Parte II - Portaló - XI - Chalé Fernando Pessoa

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                  XI

 

“CHALÉ FERNANDO PESSOA”

 

Aqui, no Portaló, em Tinharé,

Longe de Paris, Rio ou Lisboa,

A vida, qual sorriso de um bebé,

Segue calma, simples e tão boa…

 

“Tudo vale a pena…” a forma é pura,

A prosa à poesia dá frescura

Com aromas de ser e de natura,

Neste espaço feito luz e cor…

Cada chalé tem nome de poeta ou de um escritor,

Cada chalé tem um coração, tem um sentir,

Tem paz, tranquilidade e tem amor,

Tem essência, alma e existir…

A pena é verde aqui, como a mata atlântica

E a palavra é barco, galeão, canoa,

É terra que floresce de romântica…

 

Em Fernando Pessoa

Me instalei meia quinzena,

E me senti um Rei, sem ter a coroa,

De um quinto império sem arena…

Fiquei por Portaló enamorado,

E pelos versos de Pessoa eu inspirado

Entendi, então, de forma plena,

O que vale ter a alma não pequena…

 

Casámos na casa de Pessoa,

Longe daqui, lá para Lisboa,

E a Lua de Mel realizámos,

Na Bahia, no Morro de São Paulo,

E neste chalé nos instalámos,

Chamado de Fernando Pessoa,

A milhares de quilómetros de Lisboa.

 

Não existem coincidências,

Digo eu, que pouco sei,

Mas que o poeta foi padrinho

Não duvido,

Por entre incongruências

Foste rainha e eu glorioso rei,

E tudo pareceu fazer sentido.

 

Fomos unidos por estros do além,

Abençoados por ninfas,

Trovadores,

Predestinados ao amor, que de nós vem,

Apenas tu e eu e mais ninguém…

 

Gil Saraiva

 

* Parte I I - Portaló ou o Sortilégio do Paraíso

 

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Livro de Poesia: Portaló - Parte II - Portaló - X - Os Chalés

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        X

 

“OS CHALÉS”

 

Como peças de um grande dominó

Os chalés vestem a encosta

Do Morro de S. Paulo: É Portaló…

 

Se do Pessoa eu vejo bem o porto

Nos outros se tem igual conforto…

 

Temos Zélia Gatai, Voltaire

E Jorge Amado,

José de Alencar, Júlio Verne,

José Saramago…

Temos Marguerite Duras

E emoções

Seja em Machado de Assis,

Luís de Camões,

Nas aventuras

De Alexandre Dumas,

Joaquim Ubaldo Ribeiro

Ou Eça de Queirós

Por entre as brumas…

 

Castro Alves tem também telheiro,

E nem os miseráveis são refugo

Pois que aqui tem também,

Seu chalé, o Vítor Hugo…

 

Todos estes chalés de Portaló,

Têm nomes de escritores imortais,

Porque a ilha inspira e trás à mó

Os mais férteis e profícuos cereais,

Que depois de moídos e tratados

Geram um mosto, quando combinados

Com extratos de estros especiais.

 

Aqui amor eu escrevo entre chalés,

O que sou, o que amo, como te adoro,

Aqui eu te descrevo como és,

Por ti eu grito, riu, gozo e choro.

Aqui a fantasia é mais real,

Nestas cabanas na mata integradas,

Chalés atlânticos, casinhas enquadradas,

Num ambiente perfeito e natural.

 

Jamais aqui me ouvirás pedir socorro,

Vamos ficar por cá, para sempre, querida,

Tu que és a felicidade desta minha vida

Fica comigo para sempre neste morro.

 

Gil Saraiva

 

* Parte I I - Portaló ou o Sortilégio do Paraíso

Livro de Poesia: Portaló - Parte II - Portaló - IX - Epopeia

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     IX

 

“EPOPEIA”

 

Neste hotel de nome Portaló,

Somos como a aranha em sua teia,

Somos o guardião de uma baleia

Num quarto batizado Moby Dick…

Só importa a quem cá fique

Instalado na encosta,

Saber daquilo que gosta,

Porque aqui não há despique…

 

No Morro de S. Paulo,

Em Portaló,

Ilha de Tinharé,

Terra de verde e pó,

Banhada de fé,

De azul, de céu e de águas,

Onde o passado em tempos

Lavou mágoas,

Por entre aromas tropicais

E de café,

Olhando paisagens geniais

Escutando um violão,

Um oboé,

Tudo floresce em cada grão de areia

Para gravar em nós esta epopeia…

 

Epopeia de amor,

Que entre imensos amplexos,

Faz vibrar, bem no calor,

Os nossos excitados sexos.

Num entra e sai

Que não para, não descansa,

Entusiasmado,

Parece mais maratona

Do que um ato isolado,

Este frenesim de amor,

Com travos de feromona…

 

Afrodisíaca viagem de alegria,

Neste morro, nesta aldeia,

Onde aos saltos as hormonas,

Libertam as feromonas,

Criando ninhos na areia,

Fazer amor e senti-lo é quase igual,

Por aqui, num local fenomenal,

Onde o amor é epopeia…

 

Gil Saraiva

 

* Parte I I - Portaló ou o Sortilégio do Paraíso

 

Livro de Poesia: Portaló - Parte II - Portaló - VIII - Quarto, com Vistas

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              VIII

 

“QUARTO, COM VISTAS”

 

Aqui em Portaló cada espaço

Tem seu nome,

Cada quarto é um abraço,

Se usa “meu” como pronome…

 

Quartos com identidade

Onde a chama se conquista

Com vigor, tenacidade,

Sem que ninguém lhe resista…

 

Aqui belo é felicidade

Nestes “meus” quartos com vista….

 

Seja Fernão Capelo Gaivota

Ou O Velho e o Mar,

O sentir é patriota

De quem por aqui passar…

 

Ficar em Eva Luna

A pernoitar,

Robson Crusoé,

Lobo do Mar,

Pequeno Príncipe

Ou O Alquimista,

Num sorriso bem risonho

Cada quarto é egoísta,

Cada momento é um sonho…

 

No nosso quarto, chalé,

Sua história vira nossa,

Ele passa a guardar memórias,

Primeiro em rodapé,

Dos êxtases e das vitórias

Dos teus orgasmos, dos risos,

Do meu gozo, dos sorrisos,

Dos acordares, das glórias

De dois amares consumados,

De quem, por amor, se entrega,

Num frenesim de conquistas,

Entre toques encantados,

Em luar que não sossega

Nossas ações mais ariscas

Dos corpos entusiasmados…

 

E quando, um dia, velhinhos,

Recordarmos as origens

Destes momentos alados,

Envoltos em novos ninhos,

Ah, não será com vertigens,

Que sentiremos, que amados,

Fomos bem mais que turistas

Naquele quarto, com vistas…

 

Gil Saraiva

 

* Parte I I - Portaló ou o Sortilégio do Paraíso

Soneto: Dia dos Namorados, Para Alguns...

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"Dia dos Namorados, Para Alguns..."

 

Por ver chegar o dia triste estou…

Sim, porque hoje celebram namorados

Serem um par, o estar apaixonados

Bem dif’rente de como, agora, eu vou…

 

Celebram o que, em mim, se evaporou,

E há, por todo o lado, encantados

Abraços, beijos, mimos devotados,

Que p’ra longe de mim alguém levou...

 

Por toda a parte aromas e fragrâncias

Rapidamente espalham os odores

De pecados de amor, sem arrogâncias,

 

Que em mim parecem tão devastadores...

Dia dos Namorados, quem me dera

Voltar a celebrá-lo… é longa a espera…

 

Gil Saraiva

 

Livro de Poesia: Portaló - Parte II - Portaló - VII - As Águas

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       VII

 

“AS ÁGUAS”

 

Bebem-se caipirinhas e sorrisos,

Piropos, muitos risos,

Tudo se bebe molhado

Entre adivinhas…

Nas águas da cascata,

No relvado,

Na piscina e nas praias,

Tudo ao calor resiste e se desnata

Nos biquínis, nos chapéus, nas minissaias,

Na chuva que ao cair é catarata

E que minutos depois já se esqueceu

Porque apenas nos lavou o eu…

 

Ah! Isto sim, é vida!

Águas bem-ditas, mais do que água benta,

Que nos fazem esquecer uma partida,

Que embora longe já nos atormenta…

Que toquem oboés,

Que dobrem sinos,

Que do velho Sinai desça Moisés,

Que se dance o samba, cantem hinos,

Mesmo após o poente glorioso

Fazer nascer a lua prateada,

Pois tudo aqui é bom, é tudo gozo,

Tudo nos traz a alma embriagada

Neste Portaló feito virtude

Onde cada momento é plenitude…

 

Mas devo confessar, ó meu amor,

Apenas o teu corpo mata a sede

Deste meu ser molhado em teu calor,

Seja na cama, na relva, na parede,

Contra a qual nada tenho, nem critico,

A forma como de encontro a ela,

Em ti, atinjo, meu amor, o pico…

Tu és a água que, às vezes, cai do céu,

Mais a do mar salgado,

Do Oceano, da cascata,

A da piscina, da praia e do lavar

Só tu me passas de húmido a molhado…

Porque em ti meu corpo a sede mata,

Em golos de Sol e de luar,

Por entre a poesia e a sonata…

 

Nas encostas deste morro encantado,

Te sirvo eu, no crepitar das fráguas,

Para me servir de ti, musa das águas…

 

Gil Saraiva

 

* Parte I I - Portaló ou o Sortilégio do Paraíso

Livro de Poesia: Portaló - Parte II - Portaló - VI - A Vigília

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         VI

 

“A VIGÍLIA”

 

O sonho parece não ter fim…

Criando pequenas praias graciosas

O mar banha os despontares de areia,

Com flores de espuma, qual jardim,

Regado a gotas de oceano, preciosas,

Pérolas de mar na maré cheia…

 

De forma suave, harmoniosa,

Chegam as águas fluidas à muralha,

E a meiga ondulação vai radiosa

Penteando as pedras sem batalha,

Numa paz cúmplice que enleia

As margens por onde serpenteia…

 

Na piscina do hotel a queda de água

Trauteia indolente a voz da vida,

Sem sinas, tristeza ou sequer mágoa,

Apenas porque a vida lhe é querida…

Ao fundo um colorido bar molhado,

Servido por morena no sorrir garrida,

Refresca, por dentro e por fora,

O mais acalorado convidado,

Para quem as cervejinhas, canapés

Ajudam a ficar mais relaxado,

Na plácida vigília dos chalés….

 

Subitamente, tu entras na piscina,

E a água reflete as tuas formas

Num misto de sereia e de menina,

Que rompe status quo, rompe normas,

Apenas transmitindo o sensual

Apelo ao sexo, pelo movimento,

De um nadar suave e natural.

 

Tocam alarmes no meu pensamento

Há muitos predadores

À solta, a esta hora,

Que, tal como nativos batedores,

Vão dar por ti e sem demora.

Qual harpia me ergo concentrado,

Para além de meu amor, tu és família,

De pé, monto o meu posto de soldado,

Anunciando que estou de vigília.

Tu dás conta do meu ar de vigilante,

Rindo, tiras da água o corpo sedutor,

Dizendo bem alto e provocante:

“- Anda, vem, vamos fazer amor.”

 

Gil Saraiva

 

* Parte I I - Portaló ou o Sortilégio do Paraíso

Livro de Poesia: Portaló - Parte II - Portaló - V - Harmonia

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          V

 

“HARMONIA”

 

Aqui,

Neste hotel me sinto estranho,

Aqui,

Nada é pequeno nem tacanho,

Aqui,

Eu vivo paz, me sinto em casa,

Aqui,

Posso voar sem grão na asa….

 

Por entre árvores de fruto e palmeiras,

Por entre arbustos, por entre trepadeiras,

Passam correndo répteis velozes,

Lagartos, entre o verde e o castanho,

Fugindo, sem tempo para poses,

Com medo de nós pelo tamanho

Ou pelo gargalhar das nossas vozes…

 

Por todo o lado

Vibra, quase com ardor, a empatia…

O sonho aqui está acordado

E a saudade é meta para um dia…

Tudo aqui

É natureza na essência,

Aves, flores, gentes e magia,

Tudo aqui

É puro, é existência,

Porque aqui

Se respira a harmonia…

 

Mas só por ti entendo a melodia,

São os teus olhos que me fazem

Ver o dia,

A tua boca rindo é alegria

E o teu corpo, amor,

Pura harmonia…

 

Gil Saraiva

 

* Parte I I - Portaló ou o Sortilégio do Paraíso

Livro de Poesia: Portaló - Parte II - Portaló - IV - Mil Amores

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         IV

 

“MIL AMORES”

 

No ar, o som das aves é vida,

É luz que brilha atrevida,

É música, é alegria

Cantada, como por magia,

Em tom de felicidade

Com força, com garra, com vontade…

 

Pelas calçadas e valados

De um cinza feito de matizes,

Onde desponta, aqui e ali, a cor da terra,

Pelos arbustos salpicados

Entre o verde das copas

E o amarelo das raízes,

Por entre tons do morro

Que lembram a serra,

Pelo verde, da erva, tão garrido,

Pelas pétalas que o tornam colorido,

Por toda a parte, enfim,

Pairam aromas mil

De mil e uma flores,

Pairam partes de mim

Enfeitiçado pelo estio primaveril,

Por Portaló,

Por mil amores…

 

Mil amores de ti amada minha,

Tu que ao existires,

Me dás sentido,

Tu que me fazes rei,

Por seres rainha,

De mil amores contados

Ao ouvido…

 

Por ti eu sou alguém,

Dentro de ti, vassalo e rei,

Senhor da Bruma, e mais além

Serei

De tudo o que, por ti,

Eu conquistei.

Chamas-me e me invades

Em fervores,

Que, vindos de ti,

São mil amores…

 

Gil Saraiva

 

* Parte I I - Portaló ou o Sortilégio do Paraíso

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