Em 2020, a propósito da imigração o problema era que esta estava a aumentar constantemente, desde 2015 a um ritmo de 12% ao ano. O dilema do governo era como legalizar tanta gente, pois que o SEF não estava a conseguir dar a devida resposta. Foi sobre esse tema que te escrevi mais uma das cartas que ficaram na gaveta. Havia até um Plano Estratégico para as Migrações 2015-2020 que estava a ser levado à prática.
Atualmente o problema já não é o SEF que já nem existe, o problema mesmo é que precisamos deles, os imigrantes, mas comecemos pelo princípio e atualizemos o assunto para os dias de hoje. Se por um lado a extrema direita se levanta exaltada contra a entrada de imigrantes no país, agora, o Governo quer facilitar entrada de imigrantes para não perder o dinheiro do PRR.
A ironia chega a ser ridícula primeiro acabaram com a carta de “manifestação de interesse” que permitia aos imigrantes entrarem e terem tempo de se legalizarem. Porém, agora, que a imigração caiu 80%, já lhes interessa atrair o quanto antes e rapidamente o imigrante que tão maltratado foi meses a fio.
Contudo, a falta de trabalhadores no sector da construção civil está a deixar vários concursos públicos para obras financiadas pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) desertos. Levando o Governo a provar do seu próprio fel. Aliás, o Governo já prepara mecanismos para facilitar a entrada de imigrantes para resolver o problema.
Ora, os “concursos públicos desertos fizeram soar os alarmes” na Administração laranja, uma vez que, de um momento para o outro, as empresas de construção civil têm falta de trabalhadores e que, por isso, não se candidatam aos concursos públicos para executar o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Sem a preciosa mão de obra, não há como haver candidatos.
Perante isto, o Governo está a preparar “um mecanismo para facilitar a entrada de estrangeiros”, sublinha o mesmo jornal no seu artigo de fundo.
Por outras palavras isto quer dizer que “Não há condições para executar” o PRR sem que entrem rapidamente mais imigrantes. A falta de mão de obra na construção civil é uma realidade dos últimos anos, mas que se agravou com o fim da “manifestação de interesse”, situação criada por Montenegro que se precipitou originando uma queda de 80% no número de pedidos de residência de imigrantes.
Ora, o ministro Adjunto e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida já tinha avisado, há cerca de um mês, que “não há condições para executar” o PRR sem a entrada de mais imigrantes. Nesta altura, faltam cerca de 80 mil trabalhadores só para “executar as obras já previstas e calendarizadas” no PRR, aponta o presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN), Manuel Reis Campos, em declarações preocupadas prestadas ao JN.
A falta de mão de obra na construção civil verifica-se em “todos os níveis de qualificação”, segundo Reis Campos que sublinhando, nomeadamente, que há “necessidade de técnicos com formação em áreas como BIM, construção modular e tecnologias de eficiência energética”. Esta situação já levou, inclusivamente a um aumento de 27% no salário médio bruto praticado no sector nos últimos cinco anos, passando de 958 euros para 1218 euros, segundo apurou se consegue ler no Jornal de Notícias.
Portanto, urge tomar medidas radicais e atrair novamente a imigração. Assim sendo, agora, e à pressa, o Governo empenha-se em criar uma espécie de “Via verde” para a contratação de estrangeiros. Sendo que, na próxima semana, o Governo vai discutir com as associações patronais medidas urgentes para resolver esta questão premente da falta de mão de obra.
Em cima da mesa devem estar propostas no sentido de facilitar a entrada de imigrantes, nomeadamente uma “via verde para empresas” na admissão de trabalhadores estrangeiros. Esta medida pode passar por “facilitar a entrada do trabalhador estrangeiro mediante uma responsabilização do patrão”, afirma de fonte segura o JN.
Neste sentido, a empresa terá de “garantir um contrato de trabalho, residência e formação profissional” para permitir ao trabalhador manter-se em Portugal, “até à concessão do visto de residência”, acrescenta o jornal. Para já, a única coisa que é certa é que o atraso nas obras do PRR levará a uma perda grave do financiamento europeu previsto. Uma vez que existe um prazo para a sua execução que é até 31 de dezembro de 2026.
Dá vontade de rir, amiga Berta, ver o Governo com o rabo a arder. Enquanto os imigrantes, aguardam de camarote, a abertura fácil dos seus novos processos de imigração. Diz o provérbio que “cá se fazem, cá se pagam” e parece ser mesmo assim.
Durante quase um ano trataram-se os imigrantes como lixo e agora, vêm com falinhas mansas tentar convencê-los que são bem-vindos? Viva a Lei do Retorno. A justiça demora, mas não falha e, como a vingança, serve-se fria. Boa sorte Monte qualquer coisa. Por hoje é tudo, deixo um beijo de despedida, este amigo de sempre,
Portaló, Memórias da Bahia, é um livro de poesia dedicado à descoberta de um amor adulto, sério, intenso, com travos de sensibilidade e sensualidade que se degusta no ato e se sente nas fragrâncias da volúpia que nos invade o olfato e que se descobre nas impressões táteis do cruzar das dermes. Um amor cálido, como a própria Bahia, quer na exploração improvisada das mãos, que comandam dedos, como se de batedores se tratassem, na demanda das sensações primitivas, encobertas pela suave e macia apresentação contemporânea da moda, acetinada por cremes, loções e elixires perfumados de exotismo, urbanidade, beleza e transcendência.
Um amor selvagem, influenciado pela mata atlântica de uma Bahia perdida nos costumes genuínos, quantos deles ainda com fôlegos tribais de ancestralidade inata e natural que, quase sem aviso, nos invade em sons perturbados de animais, que desconhecemos, na penumbra ou através dos nossos próprios gemidos, durante os intensos momentos de prazer que partilhamos a dois. Aliás, um amor tribal, no trocar de olhares cúmplices e concupiscentes, perdidos um no outro ou na paisagem que se transfigura, entre a urbanidade e a selva, e que se revela perfeita na beleza do nosso próprio enquadramento romântico, em perfeito devaneio.
Enfim, um amor onde ecoam os sons ocultos que emitimos, as frases que trocamos, dos olhares que se deleitam em beijos de paixão tão luxuriante como o horizonte marítimo que nos rodeia, seja na chegada matinal da aurora interrompendo o breu, seja no crepúsculo que, suavemente, nos afasta do mais erótico pôr-do-sol alguma vez presenciado. Um amor de haragano, essa palavra nascida no Brasil, que na lusofonia ganhou créditos de equídeo difícil de domar, de vagabundo perdido nas margens de uma Bahia única, que nos torna vadios e etéreos aos sons da Bossa Nova, das Mornas e dos Sambas de tempos de outrora. Um amor etéreo, como a transmissão das radiolas de qualidade rudimentar, que propagam no presente, pelos ares, a musicalidade dos sucessos do passado.
Um amor gritado para o universo humanizado pela internet imaterial, eletrónica, inumana, etérea e impulsiva, difundido nos computadores, nas televisões, nos telemóveis, nos “ipads”, “iphones” e outros ais bem mais carnais, mas igualmente repletos de energia, vitalidade, vibração e imagens de inesquecível esplendor, por esse novo limbo incorpóreo de comunicação infinita, num mundo de sinergias ativas, mutantes e em perpétuo movimento.
Numa palavra um amor haragano, etéreo e corpóreo como nós, como eu. Um amor vagabundo da palavra e nesses limbos denominados internet, onde registo os instantes onde fui átomo e universo, num portal mágico, histórico e de pedra erigido, um portaló velhinho, numa baía com quem nos fundimos na plenitude indeterminada de atos, gestos, vislumbres e palavras que tornam a enseada sagrada, maiúscula, ornamentada de agá, de haragano, e que na nossa voz se diz Bahia.
Em resumo, este é o livro de um amor em Portaló, aquele hotel mágico do Morro de S. Paulo, na ilha de Tinharé, no seu arquipélago, na Bahia, nesse Nordeste único por quem morro de saudades, que samba Brasil e grita amor. No caso, o meu amor. Quiçá, o nosso amor.
Este livro divide-se em duas partes. A Parte I: Paisagens ou o Sortilégio da Paixão. A Parte II: Portaló ou o Sortilégio do Paraíso.
Gil Saraiva
Dedicatória
Em termos de dedicatória poderia tecer aqui as banalidades do costume, mas estas, felizmente, não se aplicam. É bem melhor transmitir o que me vai no íntimo, neste meu sentir, deste meu estro renascido no brilho desse teu olhar.
Dedico este livro a quem deu, finalmente, uma razão de ser e de existir ao meu quase meio século de vida. Eu sabia que teria de haver uma razão, mas nunca imaginei que fosse tão doce, tão compensadora e tão gratificante. Este livro é para ti amor. Tu que, um dia, me fizeste sentir que eu era alguém. Este é para ti, para mais ninguém.