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Estro

Estro do meu ego guarda a minha poesia, sem preocupações de forma ou conteúdo, apenas narrativas do que me constitui...

Estro do meu ego guarda a minha poesia, sem preocupações de forma ou conteúdo, apenas narrativas do que me constitui...

Livro de Poesia - A Exoração do Postremo: À Pena Livre - II

À Pena Livre.jpg

       II

 

"À PENA LIVRE"

 

Escrevo,

Sem pensar,

À pena livre,

Porque é bom viver em liberdade,

Porque se alguém,

Um dia,

Numa gaiola prender uma andorinha,

Não conseguirá, contudo,

Reter a primavera!

 

Escrevo,

Escrevo sem pensar,

À pena livre,

Porém, se alguém as minhas letras,

Um dia, quiser ler,

Num livro cujo autor tenha de mim o nome,

Não ficará feliz,

Pois publicar não posso…

 

Faltam-me as cunhas ou as notas,

Que não as letras e os poemas,

As histórias, os relatos e as crónicas,

Os contos, as legendas, os romances,

Para os ou as pensar

Em liberdade!

 

Porque eu escrevo,

À pena livre,

Voando pelos ares imaginários

Dos sentidos,

Esses, que têm o defeito

De nos dizer, enfim,

Que efetivamente

Estamos acordados,

Mas de pena presa,

Na nossa condição comunitária!

Pensava eu

Eu escrevia à pena livre,

Livre é, na verdade,

A minha pena,

Essa de não conseguir publicar

Em liberdade!

 

Mas eu escrevo,

Sem pensar,

À pena livre,

Porque é bom viver em liberdade

E guardo nas gavetas da memória

O que, um dia, quis dizer aos outros,

Sem que me prendesse a sociedade!

 

De qualquer modo

Eu escrevo,

Sem pensar,

À pena livre!

 

Gil Saraiva

 

 

 

Livro de Poesia - Sintra-me: VIII - Pedra de Luz

Pedra de Luz.jpg

       VIII

 

"PEDRA DE LUZ"

 

Pedra de luz... brilhar fatal... o teu...

A Cruz Alta és, no ponto mais cimeiro,

Bem no topo da Serra, em nevoeiro,

Renascerás de um brilho que cresceu

 

Aqui... ali... nas almas que escolheu!...

Réstia de luz, que a Estátua do Guerreiro

Vigia, como um guarda prazenteiro...

Brilho que me encantou, que não esqueceu!...

 

Pedra de luz, que o meu olhar captou

No mágico triângulo da Serra:

Guerreiro, Pena, Cruz, que nesta terra

 

A alma dos amantes capturou

Nestes penedos do Al Andaluz!

Sendo eu a pedra, amor... tu és a luz...

 

Gil Saraiva

Livro de Poesia - Quimeras de Quimera II: O Soneto

Caravela.jpg

"SONETO"

 

O soneto entre nós foi caravela,

Rainha pela pena de Camões;

A alma foi, nas almas de milhões,

E tão pura, tão linda, tão singela.

 

Foi também o soneto amarga cela,

Um covil de saudades, frustrações,

Caverna de desgostos e paixões,

Ardil fatal nos versos de Florbela.

 

Foi ainda o soneto última laje,

Escura tumba do imortal Bocage.

Foi soneto o soneto com Antero,

 

Num ideal tão claro como austero.

Será soneto o que eu agora escrevo?

Não sei mesmo se a tal dizer me atrevo!...

 

Gil Saraiva

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