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VIII
"PESSOA QUE RI..."
Renasci num bairro da cidade
Onde um dia,
Faz tempo, nasci,
Lá para as bandas de Campo Grande,
Que mal conheço,
Talvez pelo tamanho...
Renasci num casamento,
O meu segundo
Ou quinto se não contarmos os papeis…
Num segundo,
Num momento,
Num clique,
Renasci ali,
Na Casa Fernando Pessoa
Onde casei de novo,
Convencido,
Quase meio século
Depois de ter nascido,
Que renascera mesmo
Em pleno Campo de Ourique...
De novo era gente,
Uma criatura nova,
Não na idade,
Que essa não deixa Cronos
Em cuidados,
Mas na vida.
Renasci porque vi
O que nunca ninguém viu,
Um Pessoa que ri…
Da improvável volta que dei
Na minha conturbada vida
Ou desta atualidade
Que nos cerca,
Deste Quinto Império
Em saldos,
Destes políticos
Sem espinha vertebral,
Num mar
Já salobro das lágrimas de Portugal.
Renasci
Na alma de um ser
Que, como eu,
Se sentia desaparecida a dada altura...
Um ser exatamente como tu,
Aquela que fez Pessoa rir,
Ao casar comigo
Em casa dele,
Sem consentimento do próprio...
Renasci e afinal,
Apenas sou
O único homem
Que viu Pessoa rir...
Gil Saraiva
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XI
“CHALÉ FERNANDO PESSOA”
Aqui, no Portaló, em Tinharé,
Longe de Paris, Rio ou Lisboa,
A vida, qual sorriso de um bebé,
Segue calma, simples e tão boa…
“Tudo vale a pena…” a forma é pura,
A prosa à poesia dá frescura
Com aromas de ser e de natura,
Neste espaço feito luz e cor…
Cada chalé tem nome de poeta ou de um escritor,
Cada chalé tem um coração, tem um sentir,
Tem paz, tranquilidade e tem amor,
Tem essência, alma e existir…
A pena é verde aqui, como a mata atlântica
E a palavra é barco, galeão, canoa,
É terra que floresce de romântica…
Em Fernando Pessoa
Me instalei meia quinzena,
E me senti um Rei, sem ter a coroa,
De um quinto império sem arena…
Fiquei por Portaló enamorado,
E pelos versos de Pessoa eu inspirado
Entendi, então, de forma plena,
O que vale ter a alma não pequena…
Casámos na casa de Pessoa,
Longe daqui, lá para Lisboa,
E a Lua de Mel realizámos,
Na Bahia, no Morro de São Paulo,
E neste chalé nos instalámos,
Chamado de Fernando Pessoa,
A milhares de quilómetros de Lisboa.
Não existem coincidências,
Digo eu, que pouco sei,
Mas que o poeta foi padrinho
Não duvido,
Por entre incongruências
Foste rainha e eu glorioso rei,
E tudo pareceu fazer sentido.
Fomos unidos por estros do além,
Abençoados por ninfas,
Trovadores,
Predestinados ao amor, que de nós vem,
Apenas tu e eu e mais ninguém…
Gil Saraiva
* Parte I I - Portaló ou o Sortilégio do Paraíso
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X
“OS CHALÉS”
Como peças de um grande dominó
Os chalés vestem a encosta
Do Morro de S. Paulo: É Portaló…
Se do Pessoa eu vejo bem o porto
Nos outros se tem igual conforto…
Temos Zélia Gatai, Voltaire
E Jorge Amado,
José de Alencar, Júlio Verne,
José Saramago…
Temos Marguerite Duras
E emoções
Seja em Machado de Assis,
Luís de Camões,
Nas aventuras
De Alexandre Dumas,
Joaquim Ubaldo Ribeiro
Ou Eça de Queirós
Por entre as brumas…
Castro Alves tem também telheiro,
E nem os miseráveis são refugo
Pois que aqui tem também,
Seu chalé, o Vítor Hugo…
Todos estes chalés de Portaló,
Têm nomes de escritores imortais,
Porque a ilha inspira e trás à mó
Os mais férteis e profícuos cereais,
Que depois de moídos e tratados
Geram um mosto, quando combinados
Com extratos de estros especiais.
Aqui amor eu escrevo entre chalés,
O que sou, o que amo, como te adoro,
Aqui eu te descrevo como és,
Por ti eu grito, riu, gozo e choro.
Aqui a fantasia é mais real,
Nestas cabanas na mata integradas,
Chalés atlânticos, casinhas enquadradas,
Num ambiente perfeito e natural.
Jamais aqui me ouvirás pedir socorro,
Vamos ficar por cá, para sempre, querida,
Tu que és a felicidade desta minha vida
Fica comigo para sempre neste morro.
Gil Saraiva
* Parte I I - Portaló ou o Sortilégio do Paraíso