Livro de Poesia - Plectros de um Egrégio Tetro Umbrático: Poetas do Meus País - XVII (Último)
XVII
"POETAS DO MEU PAÍS"
Os poetas do meu país
Têm consigo guardados:
Uma chama indescritível,
Uma missão de registo sentimental,
Um fazer do possível impossível,
Um apontar o bem, mesmo se agindo mal.
Poesias metafísicas de trovadores sombrios e imaginários,
Onde, nas letras de cada um, vive a nobre perfeição,
A chave de mil dilemas,
De processos temerários,
Sobre a vida, a morte, o amor e a solidão.
Tudo arquivado por temas,
Desde a célula à libélula,
Da anarquia da selva ao fresco leito da relva…
Há, nos poetas do meu país,
Muito paleio e conversa,
Um saber de quem tem veia,
Uma doutrina perversa,
Fominha de pança cheia.
Desejos de vai e vem,
Poligamia em fartura,
Uma forte cornadura
E uma vasta presunção.
Os poetas do meu país escrevem
Plectros de um egrégio tetro umbrático,
Afirmando que é prático,
Assim escrever a prosa, a rima,
Pois isso vem-lhes da sina,
Da hermenêutica dos esquemas
Transformados em poemas,
Nos haréns feitos palavras, no copular da paixão,
Nos casos acidentais e noutras coisas, que enfim,
Seria falar de mim…
Gil Saraiva