Livro de Poesia - Sussurros da Alma: Por Entre Labaredas e Amarras - XII
XII
"POR ENTRE LABAREDAS E AMARRAS"
Um dia... alguém me falou de amarras...
Amarras não são para quem vagueia, como eu,
Perdido na ilusão de sorrisos ocos,
Sem encontrar o eco das palavras
Que teclo nesta tela, uma vez mais...
Vagabundo, estou condenado a ser,
Até que alguém me liberte
Com um simples reflexo do sentir...
A liberdade trará, por certo,
A fresca alvorada
De um novo amanhecer ante meus olhos...
As vestes dos limbos, do vagabundo que sou,
Qual Haragano, o Etéreo, por fim,
Serão queimadas na fogueira dos novos sentidos,
Nas labaredas de quem arde de amor...
Não poderei, então, continuar Senhor da Bruma,
Fria, húmida, sem sentir.
Bruma que me esconde eficazmente
Do que fui, sou ou estou para vir a ser.
Vá, diz-me amor porque demoras?
Porque saudades minhas tu não choras?
Porque não vens tu, em labaredas,
Entre véus eróticos ou sedas,
Tirar-me da Bruma, que são horas?
Ah, vem amor, porque não me agarras?
Prende-me, junto a ti, enquanto coras,
Faz de mim o altar onde tu oras,
Timidamente cria essas amarras.
Sê a primavera deste infinito inverno...
Quero guardar em nós o amor eterno
E ser a presa viva em tuas garras.
Gil Saraiva