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XV
"É DA PRIMA VERA"
Puh… moce, débe, tô almareado,
Tava tâm bem e tô meio escarado…
Será cerveja
Ou iski marado?
Talvez esteja
Eu apaixonado.
Será a Rita
Ou a Vanessa Vera?
Nã sei, irrita
Que más me inspera?
Puh… moce, débe, puh… moce, débe,
Puh… moce, débe, é da prima Vera.
Ah, má que jête?
Que vou ê fazer?
Diz quem tem más pêto,
Como vou ê saber?
Talvez um dia,
Na noite à Lua,
Como por magia
Ê te vêja nua.
Se a Rita nã quero
E oé mêmo a Vera
Eu já nã espero:
Vrão é primavera.
Puh… moce, débe, puh… moce, débe,
Puh… moce, débe, é da prima Vera.
Gil Saraiva
Nota: Letras para a Banda de garagem “Rock Spot Alive” (anos 80).
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"QUIMERA"
Quimera, monstro e animal sagrado,
Na antiga Grécia, foi mitologia...
Quimera, imagem, sonho encantado
Da minha atual, nova, poesia...
Quimera que morreu por ter lutado,
Naquele tenebroso, último dia,
Com Belerofonte, imortal soldado,
Que sempre que lutava não perdia...
Quimera, um sonho meu interrompido
Numa imaginária primavera...
Quimera, esse monstro adormecido,
No meu corpo cansado já de espera,
Onde os amores, que me dá Cupido,
São só Quimeras de uma só Quimera...
Gil Saraiva
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"SEM RAÍZES"
É mais um ano passo atrás de passo;
Outono, Inverno, Primavera, V’rão...
E transformando amor em profissão,
Caminho por caminhos de cansaço...
Mas como este meu mar se torna baço
Eu penso em entregar meu coração...
E depois, por detrás, mentindo em vão,
Vou manchando de dor o teu regaço;
Vou recebendo, sem te saber dar...
Vou dizendo que sim àquilo que dizes;
Sentindo a solidão a se instalar
No meu corpo, repleto só de crises...
Eu não sou digno mesmo desse amar.
Sim, porque eu escrevo e falo sem raízes!...
Gil Saraiva
![Sombras.jpg Sombras.jpg]()
"SOMBRAS"
As sombras desse imenso castanheiro,
Retiram deste solo o sol que quente
Aquece as casas, animais e gente,
Inverno, primavera, o ano inteiro.
As sombras, deste sólido mosteiro,
Apagam o brilhar do afluente
Que se arrastando, só, assim tão crente,
Inveja um soalheiro, além, ribeiro...
As sombras negras, soltas na cidade,
Vão devorando o verde natural...
Ah! Só a tua sombra é liberdade,
A sombra do teu ser não tem igual,
Pois nela se protege a felicidade
Deste meu simples ser, sentimental.
Gil Saraiva