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Estro

Estro do meu ego guarda a minha poesia, sem preocupações de forma ou conteúdo, apenas narrativas do que me constitui...

Estro do meu ego guarda a minha poesia, sem preocupações de forma ou conteúdo, apenas narrativas do que me constitui...

Livro de Poesia - Sussurros da Alma - Queda de Água - XIX

Queda de Água.jpg

          XIX

 

"QUEDA DE ÁGUA"

 

Não sei se aqui encontro

O abrigo quente,

O refúgio terno,

De palavras de alegria,

A doce sensação do existir

Entre quem sente,

De quem vagueia

E não se encontrando

Recebe, por fim,

Um sorriso protetor...

 

O que me pode dar a internet

Que eu não saiba já?

Não sei...

 

Mas quem dera poder sentir, por fim,

O sangue correr em minhas veias

Com a força de um rio que se esvai

Em direção à queda de água...

 

Como era bom saber

Que sinto igual aos outros...

Saber que existe amor

Para mim também...

Afinal é disso que todos nós vivemos...

 

E há mesmo ainda

Quem morra por amor...

 

Não quero morrer

Sem sentir meu sangue desaguar, por fim,

Na queda de água

De algo a que eu chame:

Os nossos sentimentos...

 

Gil Saraiva

 

 

Livro de Poesia: Portaló - Parte II - Portaló - VI - A Vigília

A Vigília.JPG

         VI

 

“A VIGÍLIA”

 

O sonho parece não ter fim…

Criando pequenas praias graciosas

O mar banha os despontares de areia,

Com flores de espuma, qual jardim,

Regado a gotas de oceano, preciosas,

Pérolas de mar na maré cheia…

 

De forma suave, harmoniosa,

Chegam as águas fluidas à muralha,

E a meiga ondulação vai radiosa

Penteando as pedras sem batalha,

Numa paz cúmplice que enleia

As margens por onde serpenteia…

 

Na piscina do hotel a queda de água

Trauteia indolente a voz da vida,

Sem sinas, tristeza ou sequer mágoa,

Apenas porque a vida lhe é querida…

Ao fundo um colorido bar molhado,

Servido por morena no sorrir garrida,

Refresca, por dentro e por fora,

O mais acalorado convidado,

Para quem as cervejinhas, canapés

Ajudam a ficar mais relaxado,

Na plácida vigília dos chalés….

 

Subitamente, tu entras na piscina,

E a água reflete as tuas formas

Num misto de sereia e de menina,

Que rompe status quo, rompe normas,

Apenas transmitindo o sensual

Apelo ao sexo, pelo movimento,

De um nadar suave e natural.

 

Tocam alarmes no meu pensamento

Há muitos predadores

À solta, a esta hora,

Que, tal como nativos batedores,

Vão dar por ti e sem demora.

Qual harpia me ergo concentrado,

Para além de meu amor, tu és família,

De pé, monto o meu posto de soldado,

Anunciando que estou de vigília.

Tu dás conta do meu ar de vigilante,

Rindo, tiras da água o corpo sedutor,

Dizendo bem alto e provocante:

“- Anda, vem, vamos fazer amor.”

 

Gil Saraiva

 

* Parte I I - Portaló ou o Sortilégio do Paraíso

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