"Vagabundo das Sombras"
Vagabundo das sombras,
Dos Limbos,
Haragano, O Etéreo,
Perdido em sonhos que não meus,
Senhor da Bruma esquecido
Nos recantos esconsos dos céus...
Procuro, procuro no crepúsculo,
Encontrar a arma branca
Que me assassine a saudade
De dias de sorriso
E noites de prazer...
Vagabundo Dos Limbos,
Haragano, O Etéreo,
Senhor da Bruma,
Na net perdido entre circuitos
Onde os sentimentos
São palavras sem cheiro
E a caricia não tem o sentir da derme,
Suave, humana, apetecida...
Vagabundo de mim
Que não encontro
A cristalina razão
De meu existir...
Haragano da net,
Etéreo na viagem,
Crisálida serei
Num casulo chamado internet...
Senhor da Bruma,
Soberano oculto que busca, insano,
Um reino chamado de Amor.
Gil Saraiva
"MEDO..."
Na noite os pensamentos se refletem
No fumo de um cigarro a consumir...
No desejo real de querer fugir
Dos desejos que uns olhos comprometem...
E as sombras nas paredes medo metem...
E no ar o silêncio faz-se ouvir...
E em mim sobe o desejo de sentir
O amor que os teus lábios me prometem...
Mas tenho medo que à noite me iluda...
- Quem és? Tu que me olhas ternamente ...!?
E essa sombria sombra respondeu:
- Sou uma amiga que te ofereceu ajuda.
- Mas diz-me quem és tu? (Disse insistente).
- Eu sou a Morte, o Fim, o Apogeu!
Gil Saraiva
"SOMBRAS"
As sombras desse imenso castanheiro,
Retiram deste solo o sol que quente
Aquece as casas, animais e gente,
Inverno, primavera, o ano inteiro.
As sombras, deste sólido mosteiro,
Apagam o brilhar do afluente
Que se arrastando, só, assim tão crente,
Inveja um soalheiro, além, ribeiro...
As sombras negras, soltas na cidade,
Vão devorando o verde natural...
Ah! Só a tua sombra é liberdade,
A sombra do teu ser não tem igual,
Pois nela se protege a felicidade
Deste meu simples ser, sentimental.
Gil Saraiva