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X
"A ORAÇÃO DO DRUIDA"
Ó Elementais Deuses do Mundo Conciliar
A vós peço refúgio e amparo
Contra a peste do coronavírus,
Esse bicho que não é planta ou mineral,
Procariota ou animal!
À Deusa Terra, heroica Epona,
a quem no Mediterrâneo
Chamam Gaia, que me dá raízes,
À Deusa Água, Sulis ou Sul, que me mata a sede
E me cura dos males incuráveis,
Ao Deus Fogo, do Sol, grande Belenus,
Que me dá coragem e alumia o meu caminho,
À Deusa do Ar, a Deusa mãe, Dea Matrona,
Deusa a quem também chamamos Vento,
Que me permita respirar e sentir paz,
A todos vós, eu peço o Sortilégio Último
Que me proteja de vírus e doenças,
De maus olhados, da vil inveja,
Dos ruins, dos impuros e das crenças
De quem o mal me quer,
Por pouco que seja.
Aos elementais deuses peço agora
Bem-estar, alegria e fortuna,
Que o vermelho fogo seja o sangue
Que em mim mora,
E me faça forte e não exangue,
Que a roxa luz da neblina púrpura,
Venha já, de imediato e sem demora,
Enxotar dores e sofrimento do meu eu,
E que o duro caminho que é o meu
Seja firme, abençoado e protegido,
Pela flor chamada Cravo, resguardado,
Sem mágoas de dor ou de ofendido.
Que os Deuses escutem o Druida,
E tragam prosperidade
E excitação pelo futuro,
Que acesa a citronela abata o muro
Afastando qualquer negatividade.
Que a papoila me faça feliz,
Bem-humorado e satisfeito,
Senhor de mim, da bruma,
Um ser mais perfeito.
Por este Sortilégio se deseja
Que tudo seja suave como espuma,
Que tudo para sempre
Assim seja!
Gil Saraiva
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XXV
"O TEU NATAL"
Hoje é Natal, Natal na minha vida.
Tocam os sinos p’la minha alma fora...
E em cada canto do meu ser, agora,
Tudo vibra sem conta nem medida!...
É Natal! É Natal porque é nascida,
Do ventre desse Amor, a nova aurora,
Filha de nós os dois, pequena amora,
Fruto de louca noite, sem dormida...
Hoje é Natal! O teu Natal Diana!
E em lágrimas de riso choro amor...
Hoje é Natal, é vida feita flor...
Tem a minha alma nova soberana.
Temos os dois o bem mais desejado:
A Taça da Vitória, um El Dourado...
Gil Saraiva
(entre cá e lá...)
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XLIII
"ALQUIMIA"
Subitamente, vinda não sei de onde
A donzela surgiu no entardecer,
Num pôr-do-sol, na hora do esconder,
Por entre o arvoredo e entre a fronde,
Que, essas sombras, espalha, em abonde
Nesse crepúsculo altivo a nascer…
Está à janela olhando o escurecer,
E talvez a pensar nesse seu Conde,
A quem nunca se deu, porque não deu,
Por quem tanto suspira e suspirou…
Escuta na rua o puto que tombou
(A bicicleta não lhe obedeceu),
E dá-se o despertar dessa magia,
Sonhos de borboleta… uma alquimia…
Gil Saraiva
(entre cá e lá...)
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XLII
"LUARES"
Foi-se na escura noite a Lua ausente
E oculta se tornou a Lua Nova,
Mas não tardou que, sendo posta à prova,
Nascesse, enfim... um já Quarto Crescente...
E veio a Lua Cheia, envolvente,
Mostrar em toda a luz que, numa trova,
Pode fazer brilhar canal ou cova,
Por mais funda, sinistra ou deprimente
Que, à partida, essa mesma se adiante...
Mas porque o auge vai, tal como veio,
Já mirrando, chorou Quarto Minguante
Pois que a Lua é como um materno seio,
Pelos séculos, berço de milhares
Que, à força de viver, sonham luares...
Gil Saraiva
(entre cá e lá...)
![Paisagem.jpg Paisagem.jpg]()
XLI
"PAISAGEM…"
Mais uma vez o olhar bebeu paisagem,
Esse meu pobre olhar, desgovernado,
Viu searas de trigo tão doirado
Que luz davam aos verdes, qual miragem,
De que dois olhos de água eram imagem…
Mais uma vez fiquei, ali, parado…
E, a custo, de meus dedos fiz arado
E com eles lavrei uma massagem
Por vales e encostas, com ternura,
Em momentos roubados ao prazer,
Por deles, por direito, não os ter,
Sorrindo no secreto da loucura…
E a paisagem surgiu alva e perfeita
Nos cumes onde o vento se deleita…
Gil Saraiva
(entre cá e lá...)
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XL
"TUDO E NADA"
Amor, num golpe, é espada e cativeiro;
Amor é chave, é vinha e é guarida;
Amor é já, também, a nova vida;
Amor é universo e é celeiro;
Amor é flor exposta num canteiro:
Orquídea, rosa, cravo ou margarida?
Não importa saber qual a mais q'rida,
Se em lapela ao amor tomam o cheiro...
Amor é coração, amor é dor,
É ter; é ser; é estar; é acordar;
Amor é o primeiro beijo dar;
Amor é quando ao vê-la tem calor
Perdida face agora enamorada...
Amor é sempre tudo; é sempre nada!...
Gil Saraiva
(entre cá e lá...)
![Internet.jpg Internet.jpg]()
XXXIX
"INTERNET"
Uma outra noite vou ter sem dormir,
Volto a ligar o meu computador,
Na Internet apago a minha dor,
Entre palavras escritas a sorrir...
Falo, escrevendo aqui o meu sentir,
Com quem me queira ler, mas sem favor...
Poeta do silêncio, um sonhador,
Meus sonhos conto a quem me quer ouvir...
Falamos... no silêncio do escrever...
As palavras são vozes nessa tela,
Pois abrindo e fechando uma janela
Todos, ou qualquer um, nos podem ler...
Na noite o meu destino não tem meta,
Realidade... é sonho de poeta...
Gil Saraiva
(entre cá e lá...)
![O Contrato.jpg O Contrato.jpg]()
XXXVIII
"O CONTRATO"
Encontrei, por acaso, na gaveta,
O teu contrato de arrendamento.
Três décadas aqui, um advento…
Mereces celebrar pela faceta!
Vamos dar festa e tocar trombeta,
Içar bandeiras, pô-las já ao vento,
Juntar amigos no apartamento
Para brindar a toques de sineta…
Vamos amor, vamos alegremente,
Fazer do dia um caso de euforias
E apenas recordar as alegrias
Vividas cá por ti, com tanta gente,
Pois quero ver também ser celebrados
Nossos anos de vida… enamorados!
Gil Saraiva
(entre cá e la...)
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XXXVII
"ROSA DO RIO II"
Um dia, numa noite, em erma via,
Uma flor, desfilando, em movimento,
Navegava, espalhando sentimento,
Na beira-rio, junto à margem, descia
.
De novo aquela rosa, em harmonia,
Repetia essa rota, com alento,
Sem precisar de brisa, nem de vento,
Parecia nadar na invernia,
Como se, em vez de flor, fosse mais gente,
Ela sorria, como se nadando,
Estivesse, pelas águas, navegando,
.
Aproveitando a força da corrente…
A mesma rosa, a mesma garra e vida,
Buscando, por amor, ficar perdida...
Gil Saraiva
(entre cá e lá...)
![Tímida Vila.jpg Tímida Vila.jpg]()
XXXVI
"TÍMIDA VILA"
Esta tímida vila, em vale profundo,
Rota devia ser, Lua-de-mel,
De noivos que a narrassem no papel
Gravando a eternidade num segundo...
.
Escondida na serra, lá no fundo,
É corpo de mulher, quase infiel,
Nessa sensualidade que um pincel
Pintaria fazendo inveja ao mundo...
.
Essa tímida vila de Manteigas,
Tem paisagens de neve e de ternura,
Qual rosto de mulher, em forma pura,
.
Quais seios que hirtos são encostas meigas...
Essa tímida vila, em vale profundo
É ventre de mulher no fim do mundo!...
Gil Saraiva