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Estro

Estro do meu ego guarda a minha poesia, sem preocupações de forma ou conteúdo, apenas narrativas do que me constitui...

Estro do meu ego guarda a minha poesia, sem preocupações de forma ou conteúdo, apenas narrativas do que me constitui...

Livro de Poesia - Estrigas do Dilúculo dos Lamentos: Tremor de Terra - VIII

Tremor de Terra.jpg

VIII

“TERMOR DE TERRA”

 

Treme a terra em Itália fortemente,

Abre-se o chão com fendas de amargura,

Desabam edifícios na loucura

Da noite de terror que cai na gente…

 

Morrem homens, mulheres e mais pungente

Morrem crianças na idade pura,

Assim roubadas à vida futura,

Sem um porquê que limpe nossa mente…

 

Caem as casas aos milhares, no chão,

Ninhos de vida agora abandonada…

Afundam carros, já se racha a estrada

 

Num caos feito de entulho e emoção…

Na dor intensa se apagou a crise,

Que esta, perante a morte, é mer’ deslise!...

 

Gil Saraiva

 

 

 

Livro de Poesia - Eco dos Sentidos: Oração - IV

Oração.jpg

 

      IV

 

“ORAÇÃO”

(REZAR, AMAR, MATAR...)

 

OH! Deuses do Mundo Antigo,

Ancestrais Protetores do Homem,

Escutai a Oração do Bom Destino

Fazendo de mim um vosso amigo.

Antes que forças do mal me tomem,

Antes que eu entre em desatino,

Antes que em corpo de homem

Vire menino.

 

Ó Elementais Deuses do Planeta,

A Vós eu peço proteção e amparo,

À Terra que me dê raízes,

Eu peço a força do Cometa,

A precisão robusta do disparo,

O saber, que vem de Vós, juízes.

 

Da Água, quero a força do mais forte,

Do Fogo, a ousadia e a coragem.

Ao sopro, ao vento, ao Ar,

Suplico, enfim, por ter um Norte

Nesta vida que vivo de passagem

E onde apenas quero eu rezar.

Pedir, pelo direito de poder amar.

 

A Vós Elementais Deuses deste mundo,

Eu rezo pelo justo direito que à Paz

Temos todos nós, bem lá no fundo.

Se Vós quiserdes eu serei capaz,

De cumprir sortilégios num segundo,

Protegei-me dos males que vida traz,

HIV, Gripe das Aves ou Antraz…

Não quero eu maus olhados ou inveja,

Que busco por fortuna e bem-estar,

Que a vela vermelha me proteja,

Que depois de rezar eu possa amar.

 

Ah! Deuses, que meu sangue vire a cera,

Que arde no Vosso Divino Altar,

Sete pedras de sal e me façam forte,

Que roxa vela me ajude a superar

Dores, sofrimentos e má sorte

No meu duro caminho, nesta vida,

Procurando, firme e protegido, de vencida

Poder vencer o mal, vencer a morte!

 

Pela fragrância do cravo

Venha um futuro

De propriedade, riso, excitação,

Que a citronela acidifique o muro

De qualquer queixa, dor,

Lamentação.

 

A Vós, Elementais Deus das Verdades,

Eu rogo contra o negativo não,

Que o aroma a ópio traga claridades,

Mantendo feliz e hirto, em qualquer chão,

O meu ser, orando por matar saudades,

Ao implorar, rezar, amar, nesta oração.

 

Líder de mim, a alma satisfeita,

Se entrega ao mais alto Orixá,

Enquanto meu corpo se deleita,

Com Vossa Divina ajuda de oxalá.

Para que assim seja, porque assim será!

 

Gil Saraiva

 

 

 

Livro de Poesia - Gota de Lágrima: A Poesia do Tê - V

A poesia do Tê.jpg

               V

 

"A POESIA DO TÊ"

 

T: de Terra, de Território,

De Tempo, de Ternura, de Texto,

De Timbre, de Terreiro,

De Trabalho, de Tédio,

De Tranquilo, de Transcendente,

De Trato, de Turno, de Turma...

 

De Tarde, de Tardio, de Tardar,

De Tradição, de Trégua, de Trigo,

De Trânsito, de Transitório,

De Tratado, de Torneio, de Telefone,

De Telegrama, de Telemóvel,

De Televisão, de Taciturno, de Taxa...

 

De Talvez, de Tabuleiro,

De Tatuagem, de Transparente,

De Tentação, de Tráfego,

De Temperatura, de Termómetro,

De Temporal, de Trompa, de Tempestade,

De Tubarão, de Terremoto, de Temor...

 

De Trovão, de Toupeira, de Tornado,

De Tufão, de Teima, de Temer,

De Tragédia, de Treze, de Trunfo,

De Terceira, de Twin Towers, de Topo,

De Túnel, de Tesouro, de Talismã,

De Trade, de Tonelada, de Trampolim...

 

De Testemunha, de Torpedo, de Tranca,

De Talho, de Tímpano, de Truque,

De Transbordar, de Tanque, de Tiro,

De Tocha, de Torrado, de Tomar,

De Tarefa, de Tombo, de Tensão,

De Tecer, de Técnica, de Torcer...

 

De Transpirar, de Tráfico, de Tática,

De Testículos, de Tique-Taque,

De Turbina, de Transporte, de Travessia,

De Tirar, de Trincheira, de Tumor,

De Trilho, de Tripular, de Taliban,

De Tribo, de Trono, de Trama, de Três...

 

De Tirania, de Totalitário, de Tarado,

De Traidor, de Traiçoeiro, de Temível,

De Tenebroso, de Tentáculo, de Terror,

De Terrorista, de Trofeu, de Totalitário,

De Tóxico, de Transtornado, de Tanto,

De Todo, de Total, de Termo...

 

De Terminal, de Tormento, de Trucidar,

De Terça-Feira, de Trevas, de Tumulto,

De Turista, de Tossir, de Tristeza,

De Transfusão, de Trauma, de Tratamento,

De Trémulo, de Túmulo, de Terço, de Tropa,

De Troco, de Tribunal, de Travar e de Tudo!...

 

Gil Saraiva

Livro de Poesia: Portaló - Parte I - Paisagens - VII - Tinharé

Tinharé.JPG

 

     VII

 

“TINHARÉ”

 

Tinharé

Se desvenda e redescobre,

Do homónimo arquipélago

Se destaca,

Impõe naturalmente um porte nobre,

No vestir rico da verde casaca,

Feita de Mata Atlântica em frescura…

Tinharé é terra, é ilha pura…

Qual esmeralda brilhando

Entre ametistas,

Tinharé deslumbra pelas vistas…

 

Verdejante de vida

E de natura,

Parece esquecer a amargura

Dos dias que pareciam sem saída

Nos tempos velhos da escravatura…

Em plena Mata Atlântica

Sitiada,

A ilha parece quase desenhada

Para, sendo deslumbrante

E desejada,

Se tornar doravante,

De improviso,

No último sonhado paraíso…

 

Aqui chegámos, finalmente,

Tu e eu, ambos, nós os dois,

Um par alado na paixão

Que, ardentemente,

Nos funde, num antes e depois,

Num ritmo que vem do coração,

Num já, num mais agora

E amanhã,

Tudo somado como num aviso,

De ter chegado a hora,

A esperança sã,

Do amor estar a viver no paraíso!

 

Gil Saraiva

 

* Parte I - Paisagens ou o Sortilégio da Paixão

Livro de Poesia: Portaló - Parte I - Paisagens - II - Bahia

Bahia.JPG

     II

 

“BAHIA”

 

Há quem diga que o céu

Pode esperar…

Neste momento meu,

Basta ficar

Mais perto,

Mais certo

Desse paraíso, por fim,

Localizar…

Terra sagrada onde Eva

Viu Adão,

Sonhos que a vida leva

Num rio de paixão…

 

Vamos

Para o sonhado mundo

Da nossa imaginação.

Iniciamos, lá do fundo,

A viagem final com um sorriso,

Por que é bom

Viajar para o paraíso…

 

Primeiro a Via Láctea,

Galáxia nossa

no Universo imenso…

Uma vez localizada

Procurar a agulha no intenso

Palheiro celestial

E, quando encontrada,

Desvendar por fim o Sistema Solar,

Berço do nosso bem,

Do nosso mal,

Coisa nossa,

Casa, terra, lar…

 

Depois…

Depois o Sol, os Planetas…

Olha a Terra… oceanos, continentes…

Paz e guerra…

E finalmente,

Já focando os trópicos,

Bem na nossa frente,

Mais perto,

Mais à vista, mais concreto,

Avistar o triângulo sul-americano,

Ouvir o leopardo, a harpia

E o tucano…

 

Solos de Vera Cruz,

Solo brasileiro,

Que Portugal, há tempos,

Viu primeiro…

 

Avistar, agora, bem mais perto

O azul e verde da Bahia,

Imagem inversa do deserto,

De mata atlântica,

Que vibra de harmonia…

Terra brilhando plena

À luz do Astro Rei,

Joia maior que descrever nem sei…

 

Eis, ali, na nossa frente,

A sagrada Bahia,

Finalmente…

Imagem venerada

Que se guarda, qual tesouro,

Que brilha mais que o ouro,

Num verde e azul por si só tão reluzente…

 

E quase gemo de prazer e depois grito:

“- Amor, caramba! Isto é Bahia

E é tão bonito!”

 

Gil Saraiva

 

* Parte I - Paisagens ou o Sortilégio da Paixão

 

Livro de Poesia: Achas de um Vagabundo - Quem...

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"QUEM..."

 

Quem

Tem na esperança

O sussurrar cálido das marés?

 

Quem

Encontra no próprio reflexo a alegria

De vivo se sentir com confiança?

 

Quem

Procura sempre um amor

Sem temer ou mesmo desistir...?

 

Quem

Sabe que o impossível apenas demora

Mais tempo?

 

Quem

Sente o nascer do Sol

No crepúsculo insustentável da madrugada?

 

Quem

Jura que a palavra é só uma,

E uma apenas?

 

Um só alguém!...

E esse quem

Não tem o que temer,

Por que tremer,

Pois brilha mais alto,

Mais forte e mais além...!

 

E luta, como luta mais ninguém,

Mesmo na mais temível escuridão,

Acabando por encontrar, por conquistar,

E por sorrir, enfim, ao ver no espelho

A imagem refletora de um futuro

Que em cada segundo se torna presente...!

Que em cada impresente renasce em saudade!...

 

Assim...

Todos saberão conhecer o tal de quem,

Que no sussurrar ameno das marés,

Completará um próximo devir,

Com a forma simples de um sorrir...

 

Mas será realmente que esse quem,

Com a imatemática clareza dos sentidos,

Sente, o amor, sem incerteza?

Mesmo sem temer ou desistir?

Talvez...

 

Quantos ou quantas acharão sinais

E por engano se julgarão escolhidos?

Só quem acreditar que jamais

A ilógica absurda, de um tão grande amor,

Poderia servir de engodo vil

Ganhará a glória terminal!

 

E esse alguém terá...

No sussurrar cálido das marés,

Na alegria de vivo se sentir,

Na procura impossível sem temer,

No crepúsculo insustentável da madrugada,

No brilho mais alto, mais forte, mais além,

Na busca perdida pelos Limbos,

E na mais temível escuridão,

A taça da vitória conquistada,

A certeza de saber que o quem

É ele ou ela e mais ninguém!

 

Para mim,

Apenas importa esse meu quem!

E espero meu amor, querida, meu bem,

Que a taça seja eu e ela tua,

Tal como o infinito é mais além,

Tal como da Terra satélite é a Lua...

 

E só assim,

Por fim,

Na forma de um sorriso, feito belo,

O meu quem se refletirá da cara nua,

Por provir simples, franco, singelo,

Desse amado rosto, dessa face tua!

 

Gil Saraiva

Livro de Poesia: O Próximo Homem II - Chorai...

Chorai.jpg

"CHORAI"

 

Chorai...

Chorai comigo os filhos das Trevas...

 

Aqueles que chutam a bola

Apocalíptica dos sonhos sem prazer...

Aqueles a quem a vida disse, um dia,

Pra sofrerem as torturas da agulha;

A doce sensação do não sentir;

E o ventre seco e frio da própria

Morte...

 

Chorai...

Chorai comigo os filhos das Trevas...

 

 

Aqueles que veneram a miragem negra,

Heroína suprema dos homens

Sem rosto, sem nome

E sem força de vontade

Ou sem amor...

 

Chorai...

Chorai comigo os filhos das Trevas...

 

Porque deles é o reino da vida

Sem Futuro,

Porque neles tudo é estéril,

Seco e sem sentido;

Porque eles são o espelho mais triste

Do Inferno.

 

Chorai...

Chorai comigo os filhos das Trevas...

 

Porque entre eles passeia a Negra Dama,

Plena de clientes, satisfeita...

Porque de Tchernobil já estão vacinados...

Porque oxigénio, Amazonas e ozono,

São coisas supérfluas, palavras soltas,

Num mundo que deixaram já faz tempo...

Porque a SIDA é apenas um atalho,

Não um mal, apenas e somente

O caminho mais curto para quem

Já não tem tempo...

 

Chorai...

Chorai comigo os filhos das Trevas...

 

Lagartas fechadas num casulo

Selado nas veias, ocas de sangue,

Plenas de vício e de tristeza...

Crisálidas, uns insetos humanos

Que nunca serão gente;

Vazios de esperança, carentes de voz...

Seres de asas queimadas

Que jamais voarão rumo à liberdade;

Que jamais sentirão o cheiro das flores,

O gosto, o gozo de voar, ser borboleta...

 

Chorai...

Chorai comigo os filhos das Trevas...

 

Chorai lágrimas de amigo, irmão, de primo

Ou filho até...

 

Chorai os que odeiam, agora, a luz

do Astro Rei...

 

Chorai os corpos vivos

A quem a mente abandonou...

 

Chorai aqueles que andam à procura

Da alma que não sabem encontrar...

 

Chorai...

Chorai comigo os filhos das Trevas...

 

Chorai também aqueles olhos parados...

Deus…!!!

Aqueles olhos parados de quem já foi criança,

De quem era tão engraçadinho

Nos primeiros sorrisos... lembram...?

E quando, um dia, ele te chamou "- Mamã..."

Ainda te recordas…?

E quando, a dado momento,

Deu os primeiros passos,

E tu, pai orgulhoso,

O abraçaste entre as essas mãos,

Amostras firmes de vigor,

Então tão carinhosas...

Não é fácil esquecer…!!!

 

Chorai...

Chorai comigo os filhos das Trevas...

 

Que já tiveram mãe, avós, amigos,

A quem demos a mão,

Com quem brincamos à apanhada,

Escondidas, cabra-cega, monopólio,

Damas, xadrez, gamão, jogos de cartas,

De amor, carinho, afeto ou de amizade...

 

Chorai... Aqueles que sabiam quem tu eras,

A quem contavas, baixinho... a rir, talvez...

Segredos que o mundo inteiro ignorava.

 

Chorai...

Chorai comigo os filhos das Trevas...

 

E sejam brancos, negros, vermelhos,

Arraçados; chineses, esquimós, gregos,

Franceses, angolanos, alemães

Ou portugueses, não nos importa a nós...

 

Chorai...

Chorai comigo budistas,

Católicos, ateus ou protestantes;

Velhos, crianças, meninos e meninas,

Jovens na flor da idade, homens, mulheres,

E toda a gente que neste mundo exista...

 

Chorai...

Chorai comigo...

Uni hoje vossa dor à minha mágoa.

 

Chorai, chorai comigo, ó, por favor...

Que a culpa não é só de quem cultiva,

Trafica ou se vicia... Mas sim de todos nós

Que não fazemos nada para ceifar da Terra

A triste chaga... Ao menos... chorai...

 

Chorai...

Chorai comigo os filhos das Trevas...

Condenados por nós à Morte lenta...

 

Chorai...

Chorai comigo...

Chorai, chorai comigo...

Chorai...

Chorai comigo os filhos das Trevas...

 

Gil Saraiva

Livro de Poesia: O Próximo Homem II - Carta de um Timorense

                  FOI HÁ 28 ANOS, UM MÊS E 28 DIAS - A 12 DE NOVEMBRO DE 1991 (mesma data do poema). PARA QUE NÃO SE ESQUEÇA!                     

ADEUS HERÓIS DO MAR (clicar para ouvir)

Heróis do Mar.jpg

"CARTA DE UM TIMORENSE"

 

Adeus Heróis do Mar

Das armas e barões já reformados...

 

Adeus a todos vós que edificaram

Este reino que um dia foi Timor

Adeus ó nobre Povo

De quem um dia herdámos

A força, a valentia, a resistência...

 

Faz muitos anos que da dor

Fazemos pão...

 

Desde o dia da vossa despedida

Que caça somos de um vil invasor...

 

A vós Heróis do Mar

Pedimos hoje

Que com esplendor levanteis de novo

A nossa,

Hoje triste,

Terra de Timor...

 

Quando em Dili

Fomos massacrados,

Quem nos ouviu pode comprovar

Que em Português, ao morrer,

Dissemos: MÃE

 

Eu sou o Joaquim, ele o António,

Da Silva, da Fonseca, do Rosário...

 

Ó Heróis do Mar

Pois foi de vós

Que a palavra saudade

A nós chegou...

 

E que saudades de vós

Heróis do Mar!...

 

Gil Saraiva

Livro de Poesia - Brumas da Memória: O Veleiro

O Veleiro.jpg

 

"O VELEIRO"

 

Nos momentos futuros,

No tempo presente,

O mundo global

Não tem de ser igual,

Pouco coerente

Na vil corrente...

 

A hospitalidade desembarca

Numa costa sem combate,

Ausente de neblina,

Plena de luz...

 

A tradição não é menos complexa

Que brilho do Sol,

Por entre a bruma

Que se esquiva

A cada passo nosso...

 

O respeito é um ser sem aventura,

Num qualquer sistema lendário,

Em que o confronto é letra morta...

 

Espontaneamente,

Alguém conta a alguém

O que alguém pensa de alguém

Sem que ninguém fique a saber mais...

 

Atos, atitudes e conceitos...

Partes do todo imenso que nos explica,

Caminhos que fazem história

Na Odisseia do que somos!...

 

Caem as Torres aos pares em Nova Iorque

E uma nova guerra

Nasce das cinzas...

Nasce e berra,

Qual recém-nascido,

Que em plenos pulmões faz por ser ouvido...

E em Quioto o mundo

Toma consciência,

Que o velho planeta

Está a mudar...

Juram combater

O efeito de estufa

Mas nem todos o irão jurar...

 

G8, G3, já basta,

Que a Terra cansada

Pede descanso,

Queremos viver sem CO2,

Efeitos de Estufa,

Antes, depois...

Queremos ambiente,

Queremos a Terra

Que é nossa, que é tua,

E a queremos sem guerra

Sem poluição...

 

E em Portugal direitos humanos,

Pedimos à Troika e ao Estado em vão…

Queremos saber para onde vamos

E sem confisco daquilo que temos,

Porquê ser pobre e viver com menos?

Queremos ter voz, poder dizer não!

Mas por ódio e vício de guerra escusada

Um americano de ar “asnoico”,

Muito paranoico, mas bem armado,

E que não distingue romena de turca,

Manda invadir, numa golpada,

Um povo antigo, sábio e ousado…

Que a destruição maciça veste burca,

Veste nada...

 

Estupidamente,

Que outro nome não há,

A tropa avança sem prova provada

Que não a da propaganda alienada...

 

Dá-se o conflito, vem a chacina,

Num dos berços da Civilização Ocidental,

Porque o asno não reconhece Alá

Nem sabe das mil e uma noites de Bagdad!...

 

Passam os meses... morrem os dias...

Saltam linhas férreas, na vizinha Espanha,

E ao som das bombas, de um Terror sem nome,

Um tal de Bin Laden mutila milhares...

 

Onze de março... onze de setembro...

Que guerra é Santa e os povos migalhas...

Que as Torres são Gémeas

Como as linhas férreas...

 

O direito à diferença,

De crença e de ser,

Terá que existir no novo Ocidente...

Mas se, por acaso, tal não aparecer

O sangue será de novo inocente...

 

E lá vem a Troika

Salvar Portugal,

Com a alma negra

Grita austeridade

E trás memorando pouco natural…

 

Fica o Povo agora mais pobre

Dizem que é défice,

Que é muito usual…

Vende-se o Governo

Ultraliberal,

A preço de saldos:

Joias por caldos

De velhas galinhas.

Vende-se o ouro,

A prata e o cobre

Que é coisa de Nobre…

E vai-se ao bolso do português

Que pague os erros que o Estado fez…

A tradição não é menos complexa que brilho do Sol,

Por entre a bruma que se esquiva

A cada passo nosso...

 

O respeito é um ser sem aventura,

Num qualquer sistema lendário,

Em que o confronto é letra morta...

 

A Humanidade não é um conjunto homogéneo...

Somos todos nós! Diferentes, iguais,

Seres naturais com burca provada

Ou véu pelo rosto,

Cara destapada ou nu descomposto!

 

E em Portugal direitos humanos,

Pedimos à Troika e ao Estado em vão…

Queremos saber para onde vamos

E sem confisco daquilo que temos,

Porquê ser pobre e viver com menos?

Queremos ter voz, poder dizer não!

Nos momentos futuros, no tempo presente,

O mundo global não tem de ser igual,

Pouco coerente, na vil corrente...

 

E há quem dê Passos na austeridade,

Esmifra-se o povo que a hora é dura,

Fecham-se Portas à liberdade,

Rouba-se o Povo pelo bem comum,

Com ares de santos cheios de candura,

Vem desemprego, pobreza, vem saque,

Que o cinto tem marca de austeridade

Para quem trabalha para comer.

Para quem já não sabe o que fazer...

Partem e migram os portugueses,

Vêem-se gregos, quiçá irlandeses,

O cheiro a podre alastra na Europa

Que solidariedade é coisa pouca,

É coisa do Sul, de gente louca,

Disparam os juros, a dívida, a fome,

Mas quem governa sabe o que come...

Chega a Primavera, dizem que é árabe,

Mas vira guerra para os do costume,

Não querem que o leite seque na teta,

Sofrem as gentes pelos poderosos,

Que se habituaram a ser gulosos,

Sempre a mesma treta, o mesmo final,

O ouro é negro, a fome é fatal...

Morreu um Laden, nasceu um Estado,

Diz-se islâmico e mata com gosto,

E a França experimenta o cheiro da morte,

Que burca é mordaça, é arma e é foice,

Que ceifa… inocentes perdidos da sorte...

E vindos do medo, sem mala nem carga,

Fogem os povos da chacina amarga

Num Oriente que se diz Próximo...

Sem eira nem beira, a guerra alarga,

Gera migrantes por todo o lado,

Milhares, milhões, procuram refúgio

Numa Europa cega onde refugiado

Parece palavra sem significado.

O polícia do mundo vira cenoura,

Varrendo valores para debaixo da mesa,

Num populismo de bruxo e vassoura,

Orgulhosamente grita disparates,

Um novo Narciso no meio da riqueza,

Jura fazer muros, grandezas, peçonhas,

E mais outras tantas poucas-vergonhas...

 

Mas no meu país uma geringonça

Parece querer a face virar à crise implantada,

Pode nem dar nada, mas gera-se esperança,

Afinal, quem sabe... existe mudança...

Nem sempre o diabo chega a tempo,

Por mais que ele seja anunciado...

Que sirva de exemplo por pouca que seja,

Que se semeie, que afinal se veja...

 

A solidariedade embarca numa costa sem combate,

Ausente de neblina, plena de luz,

Num veleiro verde, com bandeira branca...

 

Gil Saraiva

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