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II
“O REFÚGIO”
Venham visitar o refúgio
Dos poetas, criadores,
Dos amantes, pensadores,
Sem subterfúgio
Entrar com amor,
Vir sentir a paz
E a harmonia,
Num descanso tão consolador
Seja no pôr-do-sol
Ou no raiar do dia…
É aqui que escrevo
Eu estas linhas,
É aqui que estou
Eu deslumbrado,
Tentando colocar nas entrelinhas
O quanto aqui me sinto
Apaixonado…
O Portaló tem um manto de magia,
Algo me faz sentir
Enfeitiçado,
Como se num cerne de alegria
Fosse possível tocar
A nostalgia,
Sem ficar triste ou angustiado.
Beijar a saudade
Que já sinto deste lugar
Onde a realidade
É lagrima de mar
Em felicidade.
Aqui, neste refúgio, não estou só,
Aqui me sinto amado
E desejado,
Aqui, neste hotel de Portaló,
Nem penso no futuro,
Esqueço o passado,
Me sinto tão seguro
E só penso em pecado.
Anda amor, vem, vamos amar,
Dançar o dentro e fora,
Com loucura,
Adoro ouvir-te em êxtase gritar:
“- No refúgio, amor, mete mais.
Ah! Está tão dura.”
Gil Saraiva
* Parte I I - Portaló ou o Sortilégio do Paraíso
FOI HÁ 28 ANOS, UM MÊS E 28 DIAS - A 12 DE NOVEMBRO DE 1991 (mesma data do poema). PARA QUE NÃO SE ESQUEÇA!
ADEUS HERÓIS DO MAR (clicar para ouvir)
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"CARTA DE UM TIMORENSE"
Adeus Heróis do Mar
Das armas e barões já reformados...
Adeus a todos vós que edificaram
Este reino que um dia foi Timor
Adeus ó nobre Povo
De quem um dia herdámos
A força, a valentia, a resistência...
Faz muitos anos que da dor
Fazemos pão...
Desde o dia da vossa despedida
Que caça somos de um vil invasor...
A vós Heróis do Mar
Pedimos hoje
Que com esplendor levanteis de novo
A nossa,
Hoje triste,
Terra de Timor...
Quando em Dili
Fomos massacrados,
Quem nos ouviu pode comprovar
Que em Português, ao morrer,
Dissemos: MÃE
Eu sou o Joaquim, ele o António,
Da Silva, da Fonseca, do Rosário...
Ó Heróis do Mar
Pois foi de vós
Que a palavra saudade
A nós chegou...
E que saudades de vós
Heróis do Mar!...
Gil Saraiva
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"CHORAR"
Sangue, suor e lágrimas eu choro,
E vou assim chorar pra toda a vida...
Não vou mais conseguir estancar a ferida,
Aberta por tamanho meteoro
No coração de quem eu mais adoro
E nesta já minha alma suicida...
Meu sangue vai escorrendo da jazida,
Saindo-me p’la pele em cada poro...
Suor tenho nas veias e artérias,
Correndo loucamente para a morte...
As lágrimas são átomos, matérias,
São o consolo triste da má sorte...
Chorar é meu último conforto,
Agora que na vida vivo morto!...
Gil Saraiva
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"SENTIR CAMONIANO"
Amor é eterno nada e universo;
É ilusão que muito e pouco dura;
É muita fome ter quando há fartura;
É viver o contrário do inverso;
É um calado estar quando converso;
É doença que não procura a cura;
É seta que não faz qualquer rotura;
É submarino coração emerso;
É vela acesa que apagada existe;
É o sonho do homem acordado;
É a felicidade de estar triste...
Mas como podes ter tu sublimado
Este sentir, Camões, que descobriste
Prá inda ser presente o Amor passado?...
Gil Saraiva