VII
“TINHARÉ”
Tinharé
Se desvenda e redescobre,
Do homónimo arquipélago
Se destaca,
Impõe naturalmente um porte nobre,
No vestir rico da verde casaca,
Feita de Mata Atlântica em frescura…
Tinharé é terra, é ilha pura…
Qual esmeralda brilhando
Entre ametistas,
Tinharé deslumbra pelas vistas…
Verdejante de vida
E de natura,
Parece esquecer a amargura
Dos dias que pareciam sem saída
Nos tempos velhos da escravatura…
Em plena Mata Atlântica
Sitiada,
A ilha parece quase desenhada
Para, sendo deslumbrante
E desejada,
Se tornar doravante,
De improviso,
No último sonhado paraíso…
Aqui chegámos, finalmente,
Tu e eu, ambos, nós os dois,
Um par alado na paixão
Que, ardentemente,
Nos funde, num antes e depois,
Num ritmo que vem do coração,
Num já, num mais agora
E amanhã,
Tudo somado como num aviso,
De ter chegado a hora,
A esperança sã,
Do amor estar a viver no paraíso!
Gil Saraiva
* Parte I - Paisagens ou o Sortilégio da Paixão
V
“RUMO AO MAR”
Do céu tudo fomos
Mirando,
São Salvador, a baía e umas ilhas,
Que lá no horizonte
Se focando,
Pareciam estar a muitas milhas…
Uns pontos verdes no mar
E na paisagem
Frente à baía,
Quase uma miragem,
Como gotas puras,
Meigas, generosas,
Quais gemas saindo preciosas
Do Atlântico
Que lhes presta vassalagem…
Por fim,
As mornas chuvas tropicais
Iam, passo a passo, lavando,
Nas ilhas,
O verde e o ouro naturais
Em instantes, minutos,
Já limpando
Os tons de jade puro e de cristais…
E enquanto o avião descia,
Em curva,
Sorrindo às nossas mãos
Entrelaçadas,
Ainda eu sentindo a vista turva
Beijava as tuas faces,
Pela luz, rosadas.
Descemos ao solo
Sem ravinas,
Rapidamente
O aeroporto se perdeu,
Pelas estradas brilhando,
Genuínas,
Lavadas pela chuva,
Que choveu…
Seguimos rumo ao mar
Só tu e eu
Nem enlace perfeito de encantar…
Gil Saraiva
* Parte I - Paisagens ou o Sortilégio da Paixão
"TU E EU"
Unidos, tu e eu, por nosso amor,
Por esse doce amor que em nós nasceu,
E, muito superior ao de Romeu
Ou ao da bela dama Leonor;
Amor mais forte que o Adamastor...
E que ninguém se atreva, nem Morfeu,
Nem Júpiter, nem Vénus, nem Orfeu,
A tentar pôr fim ao seu vigor.
Tu e eu, no amor que nos juntou,
No amor que jamais nos separou,
Os deuses venceremos, pois, unidos:
Somos mais fortes do que o forte Marte,
Mais amorosos do que mil Cupidos,
Mais belos e perfeitos do que a Arte!
Gil Saraiva