Livro de Poesia - Paradigmas do Meu Ego:Amanhã - III
X
"AMANHÃ"
A manhã passou
Pela minha pele
O radioso sorriso
Do seu Sol...
A dançar,
Atravessei as portas
Da alma...
Lá dentro
Um hino erguia-se mais alto
Com sons de dádiva
E oração...
Um hino à vida,
Uma melodia plena
De odores de amor,
Correndo entre essências,
Que germinam existências,
Num ocaso rubro de ilusões...
Rara visão esta!...
A um canto,
Para lá das portas da alma,
Um caixão coberto de flores
Parecia sozinho...
Porém, na sombra,
Uma velha senhora,
Aparentando ter morrido,
Velava abandonada
Numa cadeira feita de mágoa e dor...
Velava a morte,
Dentro do caixão,
Entre pétalas e espinhos:
Pétalas de amor;
Espinhos de tristeza...
A senhora,
A quem o tempo que passou
Chamou de eternidade,
Parecia não sair dali...
Todavia,
Olhando em redor,
Lá a fui descobrindo,
Um pouco
Em toda a parte!
Já não sofria
No canto da felicidade!...
Ria, dançando,
Ao ritmo vivo da alegria!
Noutro, o da saudade,
Chorava
Rios de suspiros
E lagos de esperança...
Mais além,
No recanto do amor,
Parecia ter dezoito anos
Tal era a orla
Repleta de Emoção...
A manhã passou
Pelos meus lábios
Num sensual beijo
De existir...
E, sem querer,
Descobri,
Nesse momento,
Porque vale a pena
Esperar por amanhã!
Gil Saraiva